Não é só nostalgia: jogos antigos são realmente bons

Eu nunca estive tão inspirado para falar sobre este assunto.
 
Antes, eu quero começar criando todo o contexto, desde o início, interligando experiências pessoais com opiniões de outras pessoas.
 

Eu nasci em 1995, portanto eu vivi um grande “boom” da história dos jogos eletrônicos, uma transição entre simples pixeis de poucas cores, para cenas que até criam dúvida entre a ficção e a realidade. Eu joguei desde jogos MS DOS, até os tiple-A atuais.
 
O primeiro jogo eletrônico que joguei na vida foi Mario de 1991, num Windows 98 de 128 MB de RAM, 1 GHz de processador e 20 GB de HDD, aos 7 anos de idade.
 
Logo em seguida, o segundo jogo que joguei foi RollerCoaster Tycoon 1 DEMO. E é daqui que eu vou começar todo o contexto.
 
Era só uma versão de demonstração com limite de 30 minutos (algo assim) de um jogo que eu simplesmente não sabia jogar, pois de fato jogos de estratégia não são tão amigáveis para uma criança de 7 anos. Mesmo assim eu fiquei “fuçando” no jogo, experimentando, tentando fazer algo a partir de um parque demo já existente, chamado “Diamond Heights”.
 
 
A montanha-russa preto e branca (no vídeo acima aos 1:43) me impressionou para o que era possível no jogo, pois eram duas montanha-russas sincronizadas que atravessavam dentro do loop juntas, era mágico, e raramente os freios falhavam e todo mundo explodia e morria, era lindo.
 
Na verdade, RCT1 é um jogo incrível criado por uma pessoa, incrível também no lado técnico de como ele foi feito.
 
Indo direto ao dia que eu comprei o RollerCoaster Tycoon 2 completo em uma banca perto da minha escola, eu joguei muito. Foi um jogo que me marcou muito e me trouxe um certo grau de criatividade e inspiração por criar coisas. Ele é só uma versão melhorada e (muito) mais completa do RCT1.
 
Eu fiquei frenético ao ver RollerCoaster Tycoon 3 à venda, mas como eu já esperava, o meu PC não era capaz de rodá-lo. Por não ter internet, eu ei anos olhando para a revista tentando entender como o jogo era, imaginando como seria jogar um jogo assim em 3D — visto que o RCT1 e RCT2 eram 2.5D, um 3D falso.
 
Eu pude jogá-lo quando minha irmã comprou um notebook, ela me deixava mexer para jogar alguns jogos mais modernos, como um Cabela’s baixado pelo meu cunhado, e instalei RCT3 nele. Foi incrível depois de tantos anos eu finalmente ter jogado, mesmo que eu não podia jogar sempre. Na época eu já tinha PS2 com mais de 40 jogos.
 
Muitos anos depois, mesmo com PC gamer e tudo mais, eu continuo jogando jogos antigos que eu gostava de jogar no Windows 98, como Rollcage, e experimentando sucessos antigos que eu não joguei, como Half Life. Final de 2019, mesmo eu nunca ter pesquisado pelo RCT2, o Youtube me recomendou vídeos do Marcel Vos.
 
 
Ele é simplesmente um expert neste jogo (mais especificamente, OpenRCT2, uma recriação open source do RCT2 que vale muitíssimo a pena), eu decidi dar uma chance para assistir um vídeo dele, me inscrevi, e já assisti quase todos os vídeos do canal.
 
São vídeos principalmente explicando o funcionamento do jogo, então quase nem há nostalgia de minha parte, eu realmente achei interessante conhecer o lado técnico deste jogo, e ao olhar para os parques que ele criou e mostra nos vídeos, me dá vontade de criar os meus próprios.
 
O jogo em si é simples, o conceito lembra Minecraft, simplesmente blocos muito bem pensados, ainda que de maneira simples e rápida: eu quero algo aqui pois eu quero isto. Não importa a beleza e realismo, com a simplicidade você consegue algo belo.
 
Eu senti muita vontade de voltar a jogar RCT2 vendo os vídeos dele, e nos comentários há muita gente falando que o Youtube recomendou o vídeo pra elas, elas nem conheciam o jogo, e também começaram a jogar, em 2019.
 
Mesmo que a voz dele se pareça a de um senhor de idade se apegado à jogos antigos, ele na verdade é um metaleiro de 22 anos.
 
Este canal tem menos de 2 anos e está crescendo muito, principalmente em 2019, já alcançando 40 mil inscritos.
 
Em vez de eu baixar RCT2 novamente, eu decidi voltar a jogar o RCT3 que eu já tenho instalado no meu PC, e de fato, eu continuo me divertindo muito.
 
Mesmo que RCT3 seja um jogo mais moderno (não tanto, ele foi lançado exatamente no mesmo dia do GTA San Andreas de PS2), o jogo ainda consegue ser simples. Ainda é como um Minecraft, simples blocos que você pensa menos e age mais, e o resultado é facilmente belo e prazeroso de jogar, pela simplicidade.
 
Por ser 3D, o gameplay fica mais fluente do que RCT2, principalmente na construção, pois você pode ver o seu parque em qualquer ângulo, mas o conceito de simplicidade do RCT2 ainda continua lá.
 
E chegamos em 2020, e eu comprei o jogo Planet Coaster, dos mesmos desenvolvedores (Frontier Developments), considerado o verdadeiro RollerCoaster Tycoon 4, e também foi um momento mágico.
 
Eu realmente sorri e meus olhos brilharam no primeiro momento de jogo, pois pela primeira vez eu estava olhando para um parque realmente bonito e realista, algo que há 17 anos atrás eu estava jogando simples pixeis 2D e imaginando como eles seriam se fossem realistas. Muita gente lendo isto nem era nascido ainda na época.
 
Mas isto durou pouco tempo, até eu começar a fazer minhas próprias construções.
 
O parque inicial do modo carreira é lindo, e há um espaço vazio para você continuar construindo coisas lá.
 
Ou seja, o resumo deste jogo só pode ser uma destas duas coisas:
  • Você gasta horas trabalhando no cenário para que ele continue bonito como o resto do parque.
  • Você faz o que o jogo pede e o estraga deixando tudo feio para ar de nível.
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O parque acima foi feito com a segunda opção. A parte circulada foi a única coisa que eu construí, e já ei todos os objetivos do cenário. Agora eu só precisava tentar melhorar o cenário deste local para ficar mais bonito, mas simplesmente eu não sinto motivação pra isso, e preferi partir para os próximos.
 
A falta de simplicidade atrapalha a diversão, você se preocupa mais com preservar a qualidade do jogo do que de fato se divertir.
 
É como jogar Minecraft com os gráficos do The Sims. Imagine você colocando um fogão no centro de uma casa quadrada, você não vai se sentir confortável com aquilo, pois o jogo não foi feito para ser assim, você vai se sentir na obrigação de criar uma casa minimamente bonita, com janelas, e separar o fogão numa cozinha, separado da cama etc. Quando você perceber, você está se preocupando com o que o jogo te pede, mesmo que indiretamente, em vez de fazer o que você realmente quer.
 
Quando eu jogo RCT3 eu pareço um speedrunner, não pela habilidade, mas porque o conceito do jogo são blocos, não há muito o que ser pensado, você foca mais na otimização do seu parque do que na beleza dele, e no fim das contas, o seu parque fica bonito mesmo assim, pois em geral o estilo do jogo é simples, então qualquer coisa simples que você faz traz um resultado bonito. É como montanhas do Minecraft, são bonitas mesmo feitas de cubos.
 
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Se você olhar atentamente vai perceber que não tem nada demais na construção, a construção de tudo foi feita de maneira simples, e o resultado é sempre satisfatório. Cada parque não demorou nada para ser feito, foi basicamente um a cada jogatina.
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— estes são os que fiz nos últimos dias após anos sem jogar, eu já fiz vários muito mais legais —
 
Planet Coaster é ao contrário, você foca na beleza, e mesmo assim, qualquer coisa que você faz, você sente que está estragando o jogo.
Se você não focar na beleza, você se sentirá desconfortável com o resultado final. No RCT3, você praticamente sempre vai gostar do resultado final.
 
Tá, mas estamos falando de parques que o Planet Coaster já te dão prontos, mas tanto faz, quando você começa a fazer um parque limpo, do zero, você lembra de como são os parques do modo carreira e se sente horrível por não conseguir fazer algo daquele nível, a não ser que você gaste mais tempo trabalhando no cenário do que de fato no parque, o que o transforma num jogo de simplesmente criar bom design de cenário, pela necessidade que você sente.
 
Os parques do modo carreira do RCT3 também são bonitos, mas qualquer coisa que você faz, deixa tudo ainda mais bonito, não o contrário.
 
E tanto faz, você realmente pode se sentir mais satisfeito de criar um parque do zero no Planet Coaster, mas provavelmente você vai ficar ainda mais satisfeito se for feito no RCT2 ou RCT3 — no mínimo, você terá mais facilidade em se sair satisfeito, pois é mais fácil de ter bons resultados.
 
Um porém, é que eu estou ignorando as limitações de construção dos jogos, no Planet Coaster o editor de cenário é mais livre, podendo posicionar qualquer coisa em qualquer lugar, mas basta você ativar os “cheats” no Options.txt do RCT3 para que você tenha uma gameplay também fluída (sem se irritar em não poder colocar uma parede do lado de uma calçada ou algo assim).
 
Entre os jogos fáceis de ter bons resultados, sempre no topo estará o Minecraft.
 
No Minecraft se você simplesmente montar uma casa onde a parede, chão e teto são de diferentes materiais, você já se sente minimamente satisfeito. A satisfação é muito mais fácil de conseguir, portanto, você consegue mais diversão com menos trabalho.
 
É este o ponto, é mais fácil de você conseguir satisfação com jogos simples do que complexos.
 
Não me entenda errado, eu adorei o Planet Coaster, mas enquanto jogando, ele me dava vontade de voltar pro RollerCoaster Tycoon 3, pois eu não me sentia confortável jogando ele. Eu queria simplesmente clicar e arrastar uma linha para criar uma calçada e colocar blocos por volta dela, focando no trabalho do parque. Eu não quero me preocupar em como uma curva de calçada aparenta estar errada (e eu praticamente não tenho TOC, se você tem TOC, não jogue este jogo).
 
Pra fazer jus, eu realmente me diverti neste cenário:
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Pois eu comecei do quase-zero, ruas sujas, pessoas mal criadas chutando lixeiras, sem dinheiro, abaixei o salário dos funcionários até voltar ao lucro mensal positivo e fiz o parque crescer, sempre focando no gerenciamento.
Mas o argumento continua, eu tive que ignorar 100% de tudo o que há por volta, fechando todos os brinquedos e lojas, e demitindo os funcionários ao redor para focar só neste centro vazio para construir as coisas nele. Ou seja, tudo o que o jogo me deu pronto só me atrapalhou, eu só me diverti pois eu foquei na simplicidade fazendo as coisas do meu jeito.
 
No RCT3 eu ava o maior tempo do jogo gerenciando o parque, lendo o pensamento de cada visitante para otimizar o meu parque e idealizando um layout com bom fluxo de visitantes.
No Planet Coaster o maior tempo do jogo é parado olhando para a beleza do que não é o meu parque, e posicionando objetos para a parte criada por mim não ficar tão feia assim.
 
Devido ao realismo, no Planet Coaster os seus parques normalmente têm menos de 10 brinquedos, inclusive, o próprio jogo não tem muita diversidade de brinquedos e lojas para posicionar — quer mais diversidade? Compre DLCs super caras.
Eu já criei 5 parques e nenhum deles eu fiz mais do que 1 calçada reta. Inclusive, na imagem acima eu nem fiz calçada nenhuma (só as entradas e saídas, é claro), é um jogo que te faz jogar menos, é como as cenas comuns de jogos modernos, onde usam uma semi-cutscene que você simplesmente aperta os botões que aparecem na tela. A cena pode ser incrível, mas você não está jogando, não é divertido.
 
No RCT3 o seu parque normalmente chega a 30 ou 50 brinquedos, quase todos diferentes. Há muita diversidade (tem até como criar um parque aquático e zoológico, juntos), e o seu parque aumenta de tamanho muito rapidamente, mesmo que ainda seja mais difícil de conseguir visitantes do que Planet Coaster, que você cria 8 brinquedos e já atrai 2 mil pessoas, como na imagem acima.
 
Enquanto jogando e pensando nisto tudo, eu abri um cenário da carreira do Planet Coaster, relacionado com karts, algo que eu sempre adorei no RCT3, era muito divertido criar pistas e ver os visitantes apostando corrida — nos RCT se você renomeasse um visitante como “Michael Schumacher” ele sempre ganhava no kart, um detalhe legal.
 
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Logo quando eu vi este cenário, como sempre, a minha reação foi “pronto, mais outro parque todo pronto com pequenos espaços para eu construir a minha parte feia”.
 
Nos objetivos, “construa 2 pistas de kart com X metros etc”, ok, tenho 2 espaços para construir 2 pistas e pronto.
 
Calma, é pior.
 
Não há espaço suficiente para 2 pistas, na verdade você tem que editar a pista atual para aumentar a distância e assim cumprir o objetivo.
 
E o jogo te indica isto:
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Pensei “tudo bem, é como fazer uma reforma, vai ser divertido”, calma, é pior.
 
Após redirecionar a pista para a nova, você segue ela até o final, que é bem longa. E no final você encontra a parte onde você deve continuar a sua construção.
 
Mas calma, é pior.
 
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O jogo até marca para você por onde a sua pista deve ar.
 
É simplesmente isto, e você deve pensar que é só um tutorial, não é bem assim, isto está na metade da carreira, marcado como dificuldade “Média”.
 
Mas você ainda pode considerar como um tutorial e o objetivo deste cenário é só criar a segunda pista, tudo bem, mas ainda, é muito sem graça e você tem certeza absoluta que a nova pista que você vai criar nunca ficará tão bela quanto esta.
 
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Você fica maravilhado com o jogo, por ele ser tão bonito e avançado, mas isto tira a sua motivação.
 
Se você ainda quer continuar no argumento de “mas o jogo quis que você se inspirasse nesta pista pronta para você tentar criar algo parecido, a outra pista que você vai criar vai ser somente sua”.
 
Não, realmente não, a outra pista também está quase pronta, com as demarcações de onde você tem que construir:
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Sério? Eu não consigo ver diversão nisto, é como desenhar algo com a sua mãe segurando a sua mão.
 
Pra piorar, qualquer mínimo erro que você faz, a peça não consegue ser construída devido às ondulações e montanhas por volta, então você realmente se sente obrigado a seguir exatamente o que o jogo te manda fazer.
 
Eu nunca me senti tão desmotivado assim. Enquanto no RCT eu jogo literalmente todos os cenários e me divirto em todos, no Planet Coaster eu fico abrindo diferentes cenários para escolher algum para jogar. Não que eu não goste do jogo, as ferramentas de criação dele são excelentes, mas ele não me traz motivação para usá-las.
 
Mas o pior de tudo é que este jogo não me deixa estourar balões e matar meus visitantes afogados como no RCT.
 
Veja rapidamente uma live do Marcel construindo um parque “livremente”. Ele é experiente com o lado técnico do jogo, mas ele não é considerado um “artista”, mesmo assim ele, e qualquer outra pessoa, consegue ter facilidade de criar algo belo e grandioso neste jogo.
 

Repetindo, eu gostei do Planet Coaster e recomendo que compre (em boa promoção, eu paguei só 16 reais; e se você tiver um PC muito potente, acredite, nem um i5 9600kf é o bastante para um parque de 2 mil visitantes), o problema é que é mais difícil de atingir diversão e satisfação comparado ao RCT3.

Mesmo que eu também tenha jogado quase todos os GTAs, a série RollerCoaster Tycoon, que também se a em 3 diferentes décadas, foi um exemplo melhor e mais prático.
 
Você pode perceber que as minhas críticas ao Planet Coaster não demonstram um “hate” contra jogos complexos, eu não tenho isto, eu também jogo jogos complexos, e quando eu joguei RCT3, para a época, aquilo era um jogo complexo (comparado ao RCT2) e eu gostei dele mesmo assim — não que eu não tenha gostado do Planet Coaster, mas não é a mesma coisa.
 
O ponto é: simplicidade traz mais diversão.
 
Num jogo avançado você se sente num dever de seguir o que o jogo te proporciona.
Num jogo simples, você tem o controle sobre o que você quer proporcionar ao jogo.
 
Jogos simples te motivam mais a usar a sua imaginação para preencher o que falta.
 
Uma das coisas que eu gostava de fazer no GTA San Andreas, ainda no PS2, era me desafiar a colocar um carro em cima de um packer e levar de LS até SF.
 
Eu também gostava muito de subir o Mount Chiliad de maneiras diferentes, contando num cronômetro de um relógio de pulso, ou simplesmente bolando algum desafio, como subir com um caminhão carreta, ou a maior quantidade possível de Tow Trucks interligadas.
 
Eu também me sentia motivado a usar a minha imaginação para criar cenas e desafios, como ir até SF, estourar o vidro de loja de carros, roubar um carro, fazer o cheat para a polícia me perseguir em 6 estrelas e voltar até Los Santos.
 
Eu não consigo me ver motivado a inventar coisas assim em jogos como GTA V, você sente que o jogo não foi feito para isto.
 
O que você mais acha que traz diversão? Um servidor de Minecraft de arco-e-flecha ou um jogo HD simulador de arco-e-flecha?
 
É inclusive por isto que jogos arcade ainda fazem tanto sucesso, as pessoas querem coisas simples, não simulações avançadas.
 
Simular com precisão o mundo real é patético.
 
Eu não me diverti tanto jogando GTA V, mas eu me diverti muito jogando Portal 2, Castle Crashers e BattleBlock Theater com o Vítor Kuhn.
 
Eu também jogo jogos triple-A, tenho a coleção inteira de todos os Tomb Raider, mas são só experiências, é como jogar um filme, não é uma real diversão. Mas realmente foi uma diversão o modo coop multiplayer do Rise Of The Tomb Raider, de novo, um gameplay muito simples que se torna divertido. Provavelmente até hoje eu estou listado no top 20 com o Meck.
 
Quando eu postei sobre o GTA San Andreas ter um número de jogadores comparável ao GTA V mesmo em 2020, houve vários comentários interessantes na postagem, como algumas observações do visitante Jsjs.
 
Um jogo moderno, é como um brinquedo caro que você pede pra sua mãe, ela compra, você brinca um pouco, e já quer partir pra outro.
Um jogo antigo, é uma bola.
 
Eu tenho certeza absoluta que você já ganhou um brinquedo caro, e sua mãe ficou brigando com você pois você não quis mais brincar (por exemplo uma pista da Hot Wheels, carrinho de controle remoto etc).
E eu também tenho certeza absoluta que você já teve brinquedos baratos que você brincou muito (por exemplo um simples boneco, carrinho, arminha etc).
 
No meu caso eu ganhei um trenzinho com pista montável que você inclusive coloca óleo e sai fumaça de verdade (e isto foi inspirado nas minhas jogatinas de RCT2, eu queria muito poder criar a minha própria trilha de trem). ou 1 semana e nunca mais brinquei, e minha mãe brigava comigo por causa disso. Mas eu adorava brincar com bonecos de dinossauros e simplesmente colocar meus carrinhos da Hot Wheels parados no chão e imaginar que eles estão correndo numa corrida, fazendo ultraagens etc.
 
Isto acontece pois brinquedos mais simples te motivam mais a usar a sua imaginação, e isto também acontece com jogos eletrônicos.
 
E como citado por L34ND20, algo semelhante também acontece em livros. Livros te motivam a criar cenas na sua cabeça para preencher o que você não está vendo, enquanto filmes te dão tudo pronto. Não dizendo que livros são melhores do que filmes (pois é uma comparação entre dois extremos, são coisas diferentes), mas esta é a explicação para as pessoas que realmente “devoram livros” (pense num fã de Harry Potter).
 
Para uma comparação um pouco mais “jovem”, quadrinhos. Até hoje muita gente adora ler quadrinhos, e inclusive é comum existir mais elogios à quadrinhos do que à filmes e séries que são dos quadrinhos (por exemplo, The Walking Dead, muita gente que segue os quadrinhos criticam a série).
 
Jogos complexos te dão tudo pronto, portanto, ele não te deixa imaginar algo além do que você já está vendo.
Jogos simples te estimulam a usar a sua criatividade para imaginar algo além do que você já está vendo.
 
Hoje há muito hype em cima de jogos complexos, principalmente AAA, pois eles realmente são interessantes de serem vistos na existência, mas na prática, não são mais do que uma simples experiência, como filmes e séries, com a diferença é de que são controláveis.
 
Na minha opinião, as pessoas que sempre preferem jogar jogos AAA é porque estão atrás mais de experiência do que de diversão, o que não é errado, eu adorei assistir o gameplay do Detroit: Become Human. O problema é quando estas pessoas acham que jogos simples são inferiores aos AAA.
 
As pessoas têm preconceito contra jogos simples e/ou antigos, como “não é o melhor, portanto eu não quero jogar”.
 
Quem gosta de jogos antigos, não é só por nostalgia, mesmo que a nostalgia ajude, é porque os jogos realmente são divertidos. Quem acha que é só nostalgia, é preconceituoso.
 
Se você ainda não conseguiu abrir a cabeça pra isso, lembre-se que existem muitos jogos simples fazendo muito sucesso e que são modernos.
 
Pare e pense nos jogos pixel art que ainda fazem tanto sucesso, como Terraria, Stardew Valley, ainda é muito fácil aparecer jogos com estilo alá 1980 e fazerem sucesso, como Reventure e Baba Is You. Inclusive Celeste concorreu como o jogo do ano ao lado de Red Dead Redemption 2!
 
Há vários deles, youtubers/streamers grandes como Felps e Cellbit (há vários outros) dão valor à estes jogos simples e você encontra vários nos canais e lives deles. Mas de novo eu exemplifico com Minecraft, que é simplesmente o jogo atual mais jogado do mundo.
 
Primeiro que ele ainda não é tão antigo assim (o desenvolvimento começou em 2009); segundo que mesmo nos primeiros anos de lançamento ele já era um grande sucesso, e ele é um jogo pixel feito simplesmente de cubos, um jogo completamente simples, algo que se você mostrar à um leigo ele vai pensar que é um jogo de 1990, mas não, em 2012 ele começou a estourar de sucesso. Como você explica isto? Isto não é nostalgia. Foi atoa? Somente moda? Não, o jogo realmente desperta o uso de imaginação.
 
Recentemente, o meu sobrinho tinha 7 anos e praticamente nunca tinha visto falar sobre Minecraft, nem havia jogado, pois ele não tem internet e não via vídeos no Youtube, mas eu baixava vários jogos mobile pra ele, logo ao jogar Minecraft ele ficou maravilhado. Isto é nostalgia? Isto é moda? Não, o jogo realmente desperta esta sensação devido a sua simplicidade.
Eu já tive preconceito contra Minecraft, mas após muito tempo vendo vídeos do Felps, Saiko e MarquesZero, eu joguei, e não importa o quanto a fanbase seja ruim, o jogo em si é muito divertido.
 
O Minecraft entra tão bem no meu argumento de “motiva a imaginação” que mesmo no início do jogo, o jogo não te ensina a jogar. Sério, é um jogo que te motiva até a aprender a jogar sozinho, é algo único, ele realmente levou isto ao pé da letra, e isto é muito legal.
 
Termine este assunto assistindo o seguinte vídeo do Quadro em Branco, que não fala especificamente sobre Minecraft, mas em geral, sobre como os jogos ganham engajamento mesmo sendo simples:
 
 
No vídeo ele também cita GTA V, como uma exceção de simplicidade que deu certo, mas eu acho que ele devia ter aproveitado e incluído os GTAs antigos, que não são exceções e se encaixariam bem na lista dele.
 
Assista vídeos simples criados no GTA V pelo Rockstar Editor, claro que os bem trabalhados são bons, mas os simples entram no vale da estranheza e não são tão engraçados assim, são como um show de stand-up forçado.
 
Agora, assista vídeos simples criados no GTA San Andreas, como os vídeos do Los Santos Cast:
 
 
Estes vídeos são muito mais engraçados, de novo, por causa da simplicidade, a produção do vídeo combina com a simplicidade do jogo.
 
Por exemplo, quando o Los Santos Cast usa o som do CJ gritando de medo, é o som que ele grita quando está pegando fogo, isto é uma limitação que deixa o vídeo ainda mais engraçado e faz você usar a sua imaginação, e também lembrar de onde o som realmente veio. Inclusive, isto entra nas características de meme.
 
E a mesma coisa acontece com as animações. Mesmo que o jogo tenha muitas animações, ainda falta algumas, assim o uso do improviso é comum, reutilizando as mesmas animações para coisas diferentes, e isto de novo entra nas características de meme.
 
Isto não acontece quando um jogo te dá tudo pronto, você só consegue fazer coisas “engraçadas” quando você se força à isto, por isso parecem um show de stand-up forçado.
 
Roleplay, até hoje há milhares de pessoas jogando GTA San Andreas multiplayer em servidores de roleplay, mesmo que o roleplay do GTA V seja legal por ser mais detalhado, o GTA San Andreas tem a simplicidade ao seu favor, fazendo com que o gameplay simples combine mais com o estilo do jogo e lhe motiva a usar a imaginação para completar o que falta, levantando os pontos antes citados aqui, é o brinquedo barato que levanta mais a sua imaginação mais do que o brinquedo caro.
 
Este preconceito contra jogos simples era algo que eu já imaginava acontecer há mais de 10 anos atrás.
Lá atrás, eu já imaginava que em algum dia os jogos ficariam tão realistas que a diversão iria se tornar um segundo plano, e foi isto mesmo que aconteceu.
 
Hoje eu sinto que existe preconceito por parte principalmente de jogadores “modernos”, que cresceu numa evolução gráfica, portanto eles têm em mente que “melhor gráfico = melhor jogo”, sendo que você pode perguntar isto à qualquer pessoa mais capacitada, ela vai discordar.
 
Estas mesmas pessoas pensam que as outras só jogam jogos antigos por nostalgia, sendo que jogos antigos, ou melhor, simplesmente “simples”, são bons sim, pois a simplicidade simplifica o caminho para atingir a diversão, basta abrir a sua mente e jogá-lo deixando o preconceito de lado que você vai perceber isto.

Adicional (11/01/20):
Eu também gostaria de te fazer lembrar de Pica-Pau e Chaves, principalmente Chaves.
Se você é brasileiro ou simplesmente latino (pois Chaves praticamente só faz sucesso em países latinos pois as pessoas se identificam melhor), com certeza você teve uma infância assistindo Chaves, e adora o seriado. Muita gente vê isto como nostalgia, mas se você já viu crianças, hoje, assistindo Chaves, sabe que não é assim. Eu tenho 2 sobrinhos pequenos, eles assistem Chaves hoje no sbt, e eu posso te dizer que Chaves e Pica-Pau são as únicas coisas que eles assistem que riem alto. Sério, nada além de Chaves e Pica-Pau consegue fazer eles rirem tanto, porque são realmente bons, não é só nostalgia nossa, e eles realmente querem assistir, eles têm DVDs com vários desenhos e filmes para assistir a qualquer momento, e ainda assim esperam por Chaves na TV.
Ah, mas porque quando eu assisto recriações de Chaves eu não gosto?“, pois é criado um vale da estranheza, assim a sua mente se volta ao lado contrário, como se algo estivesse errado. Por isso recriações nem sempre são bem vistas.
Pica-Pau nem tanto, mas Chaves tem as características de simplicidade que eu falei aqui. Praticamente todos os episódios se am na mesma pequena vila, mesmos personagens, mesmos acontecimentos repetidos, e crianças que são interpretadas por adultos, onde mesmo com uma criança assistindo, ela percebe isso, mas entra novamente no “fazer a imaginação ir além”. Imagine se Chaves fosse realmente interpretado por crianças, assistir não seria a mesma “diversão”, a simplicidade de ser atuado por adultos deu um toque a mais. Chaves é um seriado muito simples, nada é bem trabalhado, as atuações são boas, mas simplificadas, um roteiro simples, mas legal, sempre com “historinhas bem gostosas de se ver”.

 

Escrito por Junior_Djjr – MixMods.com.br


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